3.6.05

ABRE OS OLLOS, CERRA A LINGUA (VA-CA.ORG)

É um facto mil vezes comprovado que em Galiza levantas umha pedra e sai um filólogo, seja profissional ou amador. Esta caste quase-sacerdotal (mas com raros fregueses) dedicou os trabalhos e os dias a inventar, promover e cultivar cousas tais como o galego popular, o galego culto, o neo-chapurrado, os máximos, os mínimos, o maximin, o galego histórico, o agalês, o galego-português, o português da Galiza, o ilgarraga, o raggamuffin e tantas outras variantes capazes de suscitar tanto entusiasmo entre os seus promotores como receio entre os seus detractores e apatia entre a populaçom em geral. As orelheiras academicistas nom lhes permitiram aos nossos lingüistas reflectir sobre umha curiosa intuiçom filológica popular, inexplicavelmente ignorada nos departamentos (nom nos corredores) universitários: falamos, com efeito, do galego cerrado.

- Dicen que es muy listo/a, pero habla un gallego tan cerrado… No se le entiende ni papa.

Na nossa vida diária ouvimos constantemente esta frase, que nos lembra um conhecido desenho de Castelao, o grande humorista ánti-colonial. E é que o conceito de “galego cerrado”, de enorme vitalidade entre nós, constitui a síntese perfeita do psicolonialismo ou colonialismo mental: o espanhol considerado como medida de todas as cousas. Falar à moda espanhola é falar normal, falar à galega é falar cerrado.

Assim, todos e todas concordamos em que Evaristo Currás fala um galego mais cerrado do que Paula Vázquez (que nom fala cerrado em absoluto); isto significa que, de facto, temos interiorizado um grave complexo colonial que somente pode ser extirpado mediante o método de Diógenes: se che chamam cam (cinos, em grego) reivindica o cinismo. A partir desta convicçom, a Via Ánti-Colonial Activa, vanguarda nacional retranqueira, asume e promove o hermetismo lingüístico, que se realiza no dia-a-dia mediante umha ortofonia plural (o galego cerrado) e umha ortografia também plural (a luso-reintegracionista). Só mediante a efectiva inserçom de Galiza na Lusofonia e o abandono da logo-dependência a respeito do espanhol, poderemos descolonizar-nos. Daí afirmarmos que galego reintegrado é galego cerrado: cerrado ao espanhol, off course, mas aberto ao mundo. A reintegraçom do galego no sistema lingüístico que lhe é próprio reivindicamo-la, como corresponde à VA-CA., com um mote bóvido: galego, volta ao rego.

A Via Ánti-Colonial Activa tenciona desenvolver acções específicas para reivindicar o galego cerrado como galego correcto e universal, fazendo esta reivindicaçom compatível com o maior carinho e respeito cara aos/às neo-falantes, futuro do nosso idioma, que tenhem direito a se incorporar a umha língua autêntica e viva. FALA-ME CERRADO!!!